pensamento de três jovens deputados e dirigentes do PS.
O actual presidente da JS, Pedro Nuno Santos, num momento em que, aqui nos Açores, Carlos César, na sua moção de estratégia ao próximo congresso, defende uma grande abertura aos independentes, afirma: "Há um recurso excessivo aos independentes, passa-se a ideia de que o importante não é estar nos partidos, mas estar por perto". E acrescenta o lider da JS: o recurso excessivo a não militantes "desqualifica o partido". “Para se fazer política tem de se estar dentro dos partidos, ganhar competências políticas (comunicação, liderança, gestão de equipas) e preparar-se para a renovação". Segundo ele, o modelo ideal encontra-se no sistema britânico: "Só os eleitos para o Parlamento podem chegar ao Governo. São os quadros políticos que governam". Os quadros técnicos apenas prestam assessorias.David Martins, outro jovem deputado socialista junta-se ao raciocínio, mas abranda o tom. "Partilho da ideia de que o PS não pode ser barriga de aluguer", tem de "apostar na valorização do militante, e é este input que acho que os jovens podem trazer à política", começa. Mas logo acrescenta que "os partidos também não se podem fechar, têm de fazer pontes com os players, trabalhar com todos para encontrar as melhores soluções". Por isso, "não podemos deixar de incorporar independentes".Aos jovens quadros, Marcos Sá lança um prudente aviso para não se entregarem de corpo e alma aos partidos. "Não vejam isto como agência de emprego, cada um tem de ter a sua carreira, porque uma pessoa, para ser livre num partido, tem de ter uma profissão". É o que ele sempre fez, de modo que, "quando alguma coisa ferir a minha consciência, seguirei o meu caminho autónomo". Quanto aos independentes, não vê qualquer problema: "A entrada de um bom quadro é uma oportunidade para valorizar o PS".
Numa altura em que o PS Açores se prepara para novo congresso, de que sairá vencedor Carlos César, importa saber se esta opção pelo recurso a independentes significa uma secundarização dos dirigentes e militantes socialistas, por falta de recrutamento e de formação de jovens quadros partidários. Há uma insatisfação muda e silenciosa de alguns dirigentes regionais. Embora não denunciem publicamente o que chamam “autismo” de César, na tomada de decisões, interrogam-se se César não estará a transformar a sua maioria de apoio numa espécie de Acção Nacional Popular, de feição e intervenção democráticas.
Apesar disto, Carlos César sabe o muito que vale politicamente e que tem os açorianos do seu lado. Mas a sua liderança forte e musculada, dando a ideia que o Governo e o partido são apenas ele, levanta cada vez mais a questão: E depois de César?
Será que este é também questão que preocupa o actual e futuro presidente do Governo?
César ao deixar o Governo, durante ou no fim da próxima legislatura, preocupar-se-á em manter o PS no poder?
Mota Amaral, ao abandonar o Executivo, pretendeu dar a imagem de desprendimento do poder, quando o cansaço e a exaustão já eram evidentes. Os eleitores do PSD não entenderam nem aceitaram a sua atitude, nem lhe perdoaram o abandono do barco que construíu e de que foi timoneiro incontestado. E depois dele o PSD naufragou.
Oxalá Carlos César aprenda a lição. Caso contrário, o ciclo histórico da Autonomia Regional com o PS cujas marcas de progresso são evidentes, dará lugar a outro novo e longo ciclo político. A dura e penosa experiência dos partidos da oposição não favorece nem a Autonomia nem a livre participação cívica e política.
Os grandes líderes políticos e não só, devotam-se aos outros, mais que a si próprios, têm uma doutrina, fazem Escola e deixam discípulos: Cristo, ...Ghandi, Luther King...
Por isso são reconhecidos como verdadeiros Mestres.
Dos outros, a história encarregar-se-á de apagar a sua memória.
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