quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Cantos d,Outrora do Belaurora- entre os grandes discos da música portuguesa

Álvaro José Ferreira da Antena 1 considera Cantos d’Outrora, de Belaurora(CD, UPAV, 1992), um dos grandes discos da música portuguesa, numa selecção publicada em: http://nossaradio.blogspot.com. Entre os eleitos conta-se discos de Amália, Zé Afonso, Fausto, Carlos Paredes, Trovante e outros grupos de nomeada e de excelente qualidade.
"Em 1992, vem a lume o CD "Cantos d'Outrora", álbum que o grupo Belaurora gravara em Abril de 1991. Seguindo-se ao LP "E do Velho Se Faz Novo!" (Polygram, 1987), este é o segundo trabalho discográfico do Grupo de Cantares Belaurora, criado em 1985, na ilha de S. Miguel (Açores), e especialmente vocacionado para a «recolha, pesquisa, estudo, preparação e divulgação da música tradicional e popular de todas as ilhas, sobretudo a mais antiga e já quase desconhecida». Com harmonizações de Carlos Sousa, o grupo Belaurora (Ana Medeiros, Carlos Sousa, Eduardo Medeiros, Francisco Nascimento, Isabel Meireles, Laureno Sousa, Margarida Botelho, Margarida Sousa, Micaela Sousa, Pedro Medeiros e Rui Lucas), recupera e recria em "Cantos d'Outrora" doze temas: "Manjericão" (Flores), "Abana" (Pico), "Sapateia" (S. Jorge), "Chamarrita de Braço" (S. Miguel), "Pezinho" (Graciosa), "Nova Chamarrita" (letra e música de Gilberto Bernado), "Sapateia" (Santa Maria), "Pezinho dos Flamengos" (Faial), "Tirana" (Terceira), "Saudade" (Saudade), "O Ladrão" (Flores) e "Naufrágio" (letra de Cristóvão de Aguiar / música tradicional da Ilha Terceira)."Cantos d'Outrora" fez parte da lista de álbuns nomeados para o Prémio José Afonso, de 1992, e embora não tivesse merecido do júri a distinção máxima (atribuída a Vitorino, com "Eu Que Me Comovo por Tudo e por Nada"), não deixa de ser um belo trabalho de música tradicional portuguesa, no caso açoriana. Com este disco e os que se seguiram, o grupo Belaurora tornou-se – pode dizer-se sem exagero – a maior referência no que respeita à recuperação e divulgação do rico cancioneiro das nove "ilhas de bruma".Sobre o disco, assim escreveu António Melo Sousa (ao tempo, Director de Programas da RDP-Açores): «Espelho de cantigas de um tempo sem tempo, "Cantos d'Outrora" é, antes de mais, um álbum concebido e laborado com rigor, mestria e vontade. Aqui se confirma a opção do Grupo Belaurora por caminhos já anteriormente revelados, tanto em disco como em muitas actuações ao vivo. Só que, neste caso, os critérios de recolha, as harmonizações e a disciplina dos arranjos reflectem uma solidez que é afinal fruto da experiência acumulada. "Cantos d'Outrora" é, no seu todo, um bom exemplo da necessária redescoberta do cancioneiro tradicional dos Açores, levada a cabo por um grupo cujo trabalho reflecte a verdade de um compromisso assumido com a terra e a gente que inspiram a raiz dos sons que recria. Sete anos depois do seu aparecimento, o Grupo Belaurora regressa assim ao nosso convívio com uma mão cheia de cantigas que nos (re)conduzem ao terreiro das ilhas onde a chamarrita pode ser nova ou de braço e onde, entre o aperto da saudade e da tirana, florescem pezinhos e sapateias».

Um abraço ao Bel,Aurora, ao seu director musical e respectivos elementos e votos de longa vida, que muito tem prestigiado a música tradicional açoriana.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto muito deste grupo.
Todos os elogios são merecidos.